Acabei de chegar de uma viagem de quinze dias pela Turquia. Essa é a segunda vez no país. Na primeira, fomos de navio, que atracou em Kusadasi e nos dirigimos a Éfesos e a casa de Maria.
Ficou um gostinho de quero mais e por isso, resolvemos retornar para uma viagem mais longa, o que nos levou a dar uma volta (quase) completa, pois andamos quase 3 mil Km de carro.
Visitamos Capadócia, Pamukkale, Riviera Turca (Fethyie e Oludeniz), Bodrum e claro, Istambul. As estradas são excelentes, pareciam tapetes, tudo limpo, organizado e um povo encantador, solícito, solidário e curiosos sobre o Brasil.
Paisagens belíssimas variando entre planícies rurais férteis e cultivadas, à áreas de estepe de clima semidesértico e florestas de coníferas, mesmo nas encostas do mar Egeu. O verão é muito quente e seco e o mar Egeu leva o “turquesômetro” a outro patamar.
Na Capadócia fizemos o passeio de balão (inesquecível, por sinal) quando do alto avistei umas “moitinhas” de vegetação verde, o que me deixou curiosa do que seria aquilo. Quando o balão desceu, é claro que fui verificar e para minha surpresa, eram pés de uva no chão, como se fossem matinhos. Outra curiosidade são os pés de figo, que perfumam as ruas (lá, o figo é mato!). Sem contar nas oliveiras, que são em grande número.
A parte das especiarias do Bazar Egípcio é de surtar, até quem não é “Chef” fica com vontade de comprar, pois tem de tudo: tâmaras gigantes e foscas (as melhores) e todo tipo de tempero, como “sumac”, “snouba”, açafrão legítimo, “zattar”, chás, “lokum” e por aí vai.
O “lokum” – “Turkish Delight”, ou manjar turco, é uma bala de goma feita com amido de milho e açúcar, geralmente com sabor de água de rosas ou limão. Sua palavra deriva do árabe e significa “pedaços”. Há vários tipos, como coco, romã, caramelo, nutella, pistache, amêndoas…uma infinidade de sabores e cores.
O “Lokum” surgiu no século XV, na antiga Constantinopla, hoje Istambul, que na época era a capital do Império Bizantino. O doce ganhou notoriedade mundial na versão do filme “As Crônicas de Nárnia” quando Edmundo Pevensie conhece a Feiticeira Branca que ao entrar em Nárnia, conquista sua confiança com um pouco de manjar turco enfeitiçado.
A “Baklava”, assim como o Lokum, é quase uma instituição na Turquia, finas camadas de massa filo, da espessura de um papel, amanteigado e recheado com nozes ou pistache triturados e embebidos em calda de açúcar ou mel. As origens desta famosa sobremesa são nebulosas, pois várias nações reivindicam a “Baklava”.
Sabe-se que a primeira forma de “Baklava” veio do Império Assírio, por volta de 800 a.C. Os gregos apreciavam a iguaria assíria e acredita-se que desenvolveram a massa incrivelmente fina chamada “phyllo” (folha), que tornou as camadas mais leves e delicadas.
Como o Império Otomano a partir do século XV era bem vasto e abrangia muitos países, dificultou ao certo, saber a origem desse doce. Alguns estudiosos dizem que a “Baklava” é um doce originário da Pérsia, pois foi encontrada uma receita em um livro Persa do século IX.
Na verdade, à medida que os impérios caíram, se fundiram e cresceram em novos países e as tradições da Grécia, Roma, Bizâncio e Pérsia se misturaram para criar a “Baklava” que conhecemos hoje, pois comida não tem fronteira, não é mesmo?
Fato é, que a receita foi aperfeiçoada no “Palácio de Topkapi” no século XVII, tornando-se o doce favorito do sultão governante.
É impossível ir à Turquia e não se deliciar ou trazer para o Brasil o “Lokum” e a “Baklava”.
Gostou? Espero você na próxima viagem!