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Niterói, localizado no estado do Rio de Janeiro, é um município brasileiro integrante da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Por longos períodos, ostentou o status de capital estadual, evidenciado pela coroa mural dourada que somente as capitais possuem. Essa distinção ocorreu entre 1834 e 1894, e posteriormente entre 1903 e 1975.
Com uma população estimada de 481.758 habitantes, conforme dados de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e abrangendo uma área de 133,757 km², Niterói se destaca pelo mais elevado Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) na região do Rio de Janeiro, figurando em sétimo lugar entre os municípios brasileiros em 2010. Individualmente, ocupa a segunda posição entre os municípios com maior renda domiciliar per capita mensal no Brasil, além de estar na 13ª posição em indicadores sociais ligados à educação.
Niterói foi a capital estadual do Rio de Janeiro até a fusão com a Guanabara em 1974. Situada a 15 km da cidade do Rio de Janeiro, a acessibilidade é proporcionada pela Ponte Rio-Niterói, pela Avenida do Contorno (ambas parte da BR-101), pela Alameda São Boaventura (um trecho urbano da RJ-104), pela Avenida Everton Xavier (um trecho urbano da RJ-108) e pelas linhas de ferry conhecidas como barcas. O município desempenha um papel crucial como centro financeiro, comercial e industrial, classificando-se como a 12ª melhor cidade para negócios dentre as 100 avaliadas. Investimentos significativos têm ocorrido na cidade, sobretudo no setor imobiliário e comercial, influenciados pela sua história como ex-capital estadual e pela proximidade com o Rio de Janeiro. A exploração de petróleo nas Bacias de Santos e Campos também impulsionou o desenvolvimento, incluindo a reinauguração de estaleiros e investimentos na cadeia produtiva de petróleo e gás.
De acordo com o IBGE de 2010, o Produto Interno Bruto (PIB) nominal de Niterói atingiu 11,2 bilhões de reais, situando-se como o quinto maior do estado. A região desempenha um papel crucial no setor de petróleo, sendo responsável por 70% do parque instalado estadual nesse segmento. A cidade é a segunda maior empregadora formal do Rio de Janeiro, embora seja o quinto município mais populoso na Região Metropolitana.
Uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas em 2011 destacou Niterói como a cidade com a maior concentração de população na classe A no Brasil (30,7%) e como líder nas classes A e B, abarcando 42,9% da sua população. Além disso, Niterói apresenta altos índices de alfabetização, menor incidência de pobreza, maior renda mensal per capita e o mais elevado índice de longevidade municipal no estado do Rio de Janeiro. A cidade também se destaca no tratamento de água e esgoto, figurando em posições de destaque em termos nacionais.
Niterói desempenha um papel central na região do Leste Fluminense, que inclui municípios como São Gonçalo, Itaboraí, Tanguá, Maricá e Rio Bonito. Embora atraia um fluxo pendular desses municípios, São Gonçalo é o principal fornecedor de mão de obra para Niterói. Esse movimento pendular de trabalhadores é um dos maiores do Brasil, destacando-se como o segundo maior depois daquele entre São Paulo e Guarulhos, na Grande São Paulo. Niterói, assim, atua como um sub-núcleo regional dentro da área metropolitana, auxiliando o núcleo metropolitano que polariza a metrópole do Rio de Janeiro.
História
No ano de 1555, o explorador francês Nicolas Durand de Villegaignon estabeleceu uma aliança com os índios tupinambás, que controlavam a Baía de Guanabara, criando assim uma colônia francesa na região, chamada de França Antártica. A Baía de Guanabara era evitada pelos portugueses devido à hostilidade dos tupinambás. Villegaignon liderou o desenvolvimento da região e planejou a construção de uma cidade.
Com o passar do tempo, os calvinistas que haviam migrado da França para a colônia retornaram ao seu país, acusando Villegaignon de discriminação religiosa contra os protestantes e má administração. Isso levou o navegador francês a voltar à França para se explicar.
Na ausência de Villegaignon, em 1560, Mem de Sá atacou e destruiu o forte francês conhecido como Forte Coligny, localizado na Baía de Guanabara. Apesar disso, os franceses não foram completamente expulsos da região. Estácio de Sá, sobrinho de Mem de Sá e líder subsequente na guerra, buscou a ajuda de Arariboia, chefe dos índios temiminós, cujo nome em tupi significa “cobra-papagaio”. Arariboia havia sido expulso pelos franceses de sua terra natal, a ilha de Paranapuã (atual Ilha do Governador), e se aliado aos portugueses na Capitania do Espírito Santo, contribuindo para expulsar os invasores neerlandeses. Arariboia concordou em auxiliar os portugueses na expulsão dos franceses da Baía de Guanabara, com a esperança de recuperar sua ilha natal.
Após o término da guerra em 1567, Arariboia recebeu o nome cristão de Martim Afonso. No entanto, Estácio de Sá decidiu ocupar a ilha de Paranapuã, que passou a ser chamada de Ilha do Governador. Para garantir a segurança na Baía de Guanabara, Estácio de Sá convenceu Arariboia a permanecer na região, ocupando o lado direito da entrada da baía, em oposição à cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, fundada por Estácio em 1565. Isso garantiu a proteção total da entrada da baía contra possíveis invasões. A área escolhida por Arariboia para se estabelecer era conhecida como Banda d’Além, onde ele fundou a vila de São Lourenço dos Índios.
Elevação a capital
Inicialmente, as atividades marítimas desempenharam um papel fundamental no avanço da região, impulsionando seu crescimento e importância, até que em 1819, ela alcançou o status de Vila Real da Praia Grande, reconhecida pelo Reino de Portugal, cuja sede estava situada na cidade do Rio de Janeiro naquele período. A promulgação do Ato Adicional à Constituição de 1824, em 1834, elevou a Vila Real da Praia Grande à posição de capital da província do Rio de Janeiro, rebaixando a cidade do Rio de Janeiro, anteriormente capital do império, ao estatuto de município neutro, sem vínculos com alguma província.
No ano subsequente, em 1835, a cidade passou a ser denominada Nictheroy. A condição de capital trouxe uma série de avanços urbanos, incluindo a introdução da barca a vapor, iluminação pública à base de óleo de baleia, fornecimento de água e novas formas de transporte para conectar a cidade ao interior da província. Em 1844, nove anos após, o imperador Dom Pedro II agraciou Niterói com o título de Imperial Cidade. Esse título era conferido às cidades mais proeminentes, garantindo-lhes certa autonomia e influência regional.
No final do século XIX, por volta de 1885, foram estabelecidos sistemas de bonde, permitindo a expansão da cidade para bairros como Icaraí, Ponta d’Areia e Itaipu. Contudo, a Revolta da Armada, em 1893, impactou negativamente as atividades produtivas e levou à transferência da sede da capital para Petrópolis. No entanto, em 1903, Niterói recuperou o estatuto de capital do estado fluminense, desencadeando um novo impulso de modernização na cidade. Foram construídas praças, docas, parques e uma estação hidroviária, além da expansão da rede de esgoto e do alargamento das principais ruas e avenidas.
Os anos que se seguiram foram marcados por um período de desenvolvimento que culminou na Niterói atual, uma cidade que ostenta o mais elevado índice de desenvolvimento humano do estado. Esse progresso foi resultado das ações de diversos prefeitos. Paulo Pereira Alves, que valorizava a preservação ambiental e via o potencial turístico da Região Oceânica, idealizou a criação da avenida na Praia de Icaraí. João Pereira Ferraz priorizou a urbanização durante sua gestão, enquanto Feliciano Sodré continuou a embelezar a cidade e também conduziu a implementação da rede de saneamento em diversos bairros. Ernani do Amaral Peixoto, governador do estado na época, supervisionou o aterro da Praia Grande, a subdivisão de áreas na Região Oceânica e a construção de uma avenida que levou o seu nome.
O aterro da Praia Grande proporcionou oportunidades para a realização de projetos de grande potencial econômico e turístico, incluindo o Caminho Niemeyer, a Praça Juscelino Kubitschek e a Estação Arariboia. No entanto, o marco mais significativo para o crescimento econômico da cidade aconteceu durante o período da ditadura militar (1964-1985), com a inauguração da Ponte Presidente Costa e Silva, mais conhecida como Ponte Rio-Niterói, em 1974. Esse evento marcou o início de uma mudança na direção dos investimentos públicos, impulsionando a especulação imobiliária, o desenvolvimento da infraestrutura e a expansão dos bairros da Região Oceânica. Com a fusão do estado da Guanabara com o estado do Rio de Janeiro em 1975, Niterói perdeu seu status de capital, que foi transferido para o Rio de Janeiro.
Século XXI
Nos primeiros anos do século XXI, Niterói experimentou avanços significativos, consolidando-se como um polo cultural. Em 2002, o Caminho Niemeyer foi inaugurado, seguido pela inauguração da Praça Juscelino Kubitschek em 2003. Em 2004, o terminal hidroviário de Charitas, um projeto de Niemeyer, foi aberto, oferecendo uma nova conexão com a Praça XV, no Rio de Janeiro. No ano subsequente, em 2005, a prefeitura obteve sucesso em negociar a inclusão de Niterói no Roteiro Niemeyer, uma iniciativa relevante do Ministério do Turismo que engloba Brasília, Belo Horizonte e Niterói, as cidades brasileiras com o conjunto mais notável de obras do arquiteto.
Em abril de 2007, foi inaugurado o Teatro Popular de Niterói, um local que apresenta um teatro acessado por meio de uma rampa helicoidal, conduzindo a um foyer com aproximadamente 580 metros quadrados. Dali, os espectadores chegam à área da plateia, com capacidade para 350 pessoas, além de um espaço externo que pode acomodar até 20.000 pessoas. No entanto, em abril de 2010, a cidade enfrentou uma grande tragédia no Morro do Bumba, onde 267 pessoas perderam suas vidas após deslizamentos causados por chuvas que provocaram o colapso das encostas. As casas no local haviam sido construídas sobre um antigo lixão, em um terreno fragilizado que não resistiu às fortes chuvas de verão. Essa área, bem como os bairros vizinhos, apresenta um dos índices de desenvolvimento humano mais baixos da cidade.
Após o deslizamento no Morro do Bumba, Niterói se deparou com um novo desafio: um crescimento acelerado e desorganizado, especialmente a partir dos anos 2000, impulsionado pela chegada de novos moradores vindos da cidade do Rio de Janeiro, que buscavam escapar dos altos níveis de violência urbana. Esse influxo resultou em uma rápida expansão da construção de condomínios em bairros como Icaraí, assim como em áreas mais afastadas, como a Região Oceânica e a região de Pendotiba.
Para abordar essas questões, a administração do prefeito Jorge Roberto Silveira (2009-2012) adotou medidas para aliviar o congestionamento de tráfego durante os horários de pico, como a conversão da Avenida Roberto Silveira em uma via de mão única e a construção de um mergulhão conectando as Avenidas Jansen de Melo e Marquês de Paraná. Essa última iniciativa, repleta de controvérsias, foi concluída durante o mandato do atual prefeito, Rodrigo Neves. Além disso, está em andamento a construção do Corredor Metropolitano da Alameda São Boaventura, uma faixa exclusiva para ônibus, visando desafogar essa via. Adicionalmente, a revitalização da Avenida Marquês de Paraná foi concluída em 2020.
Na eleição municipal de 2012, Jorge Roberto Silveira absteve-se de concorrer à reeleição devido a um câncer de garganta, lançando Felipe Peixoto, jovem deputado estadual pelo Partido Democrático Trabalhista, como seu candidato. Nessa disputa acirrada, Rodrigo Neves, do Partido dos Trabalhadores, emergiu vitorioso, com 52,55% dos votos válidos, derrotando o candidato do PDT, Felipe Peixoto.