Um lugar, ainda, pouco conhecido e explorado é Alter do Chão no Pará e, realmente, esse lugar me surpreendeu em todos os sentidos.
Conhecido como o Caribe de rio brasileiro, por ser banhado pelo imenso rio Tapajós de águas limpas e transparentes. São quilômetros e quilômetros de praias de areia clara e águas cristalinas. O rio Tapajós é tão poderoso e grande que nem conseguimos avistar a outra margem do rio. Confesso que algumas vezes eu esquecia que não era mar.
Todo final de tarde a pedida é ver o lindíssimo pôr do sol na Ponta do Cururu ou na Ponta do Muretá. As águas serenas do rio Tapajós refletem os tons alaranjados e dourados, criando um espelho líquido que amplifica a beleza desse momento mágico. Com sorte, e eu tive várias vezes, você ainda poderá ver o balé dos botos. É emocionante.
O Pará é uma explosão de sabores, experiências e cultura. Era grande minha expectativa em relação a gastronomia de origem indígena tapajônica, louca para experimentar o tacacá, pato no tucupi, jambu, maniçoba, entre outras iguarias. Sem falar nas frutas diferentes, é claro.
Entretanto, foi vivenciando uma experiência incrível que conheci o PIRARIMBÓ. Trata-se de um evento que acontece a noite, à beira do rio Tapajós (Lago Verde), iluminado por poucas luzes e muitas velas, se assemelha a um Luau. A chamada “Piracaia”, que em tupi significa “peixe queimado”, nada mais é do que um evento a noite na praia (de rio, é claro) onde se assam vários peixes na brasa com muitos acompanhamentos deliciosos e as pessoas se reúnem em volta de uma fogueira ao som de muito Carimbó (ritmo de origem indígena amazônica).
O Pirarimbó propõe uma experiência amazônica onde o mestre de cerimônias Hermes Caldeira, nos recepciona e nos convida para uma roda de Carimbó. Redes, esteiras, cadeiras esperam o visitante à luz de velas e uma banda de Carimbó. Enquanto isso, drinks são preparados com o jambú, vodka, gim, cachaça e todas as frutas da região. São graciosamente servidas em uma cuia, apoiada em uma cestinha de palha num esquema de open bar. Digo que provei muitas.
Às margens do rio Tapajós em um grande fogareiro, são assados os peixes como, a ventrecha de pirarucu, tucunaré, tambaqui, curimatã. De acompanhamento foi servido batata doce, cebola roxa, banana da terra, cará roxo (tudo assado no braseiro), vinagrete de feijão de Santarém, abóbora assada com alho, gengibre e azeite. Ainda tinha uma salada com abacate, manga rosa, espinafre da Amazônia (ou orelha de macaco) e pepino, pirão de peixe e farofa d’água. Nunca comi peixes tão saborosos, onde o frescor reinava absoluto. Um verdadeiro banquete tapajônico! Ah, de sobremesa tinha bombom de coco e de cupuaçu.
Enquanto isso, Hermes explicava a origem do Carimbó, as lendas da floresta amazônica e do rio Tapajós. O carimbó foi ensinado por uma dançarina e saias estampadas e rodadas eram oferecidas às mulheres presentes e, passo a passo, iam aprendendo as “manhas” do rebolado Carimbó. Depois foi a vez dos homens, e essa parte foi bem engraçada.
Em volta da fogueira os participantes são estimulados a terem um encontro com a ancestralidade, em conexão com o povo da floresta, em uma verdadeira imersão e experiência amazônica.
Ao final, foi oferecida uma benção com água de cheiro e um amuleto de cerâmica tapajônica, chamado muiraquitã (dado a todos os participantes). Saímos de lá satisfeitos e leves em perfeita harmonia com a força da floresta amazônica e do rio Tapajós.
Recomendo demais essa experiência, pois tenho certeza de que sua noite será mágica e inesquecível.
Nosso Brasil é rico em belíssimos lugares, uma gastronomia incrível e uma cultura tão diferente de Norte ao Sul.
Nosso Brasil é rico em belíssimos lugares, uma gastronomia incrível e uma cultura tão diferente de Norte ao Sul.
Gostou? Espero você na próxima viagem!