Não confunda alhos com bugalhos, nem árabe e turco.

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No Brasil é muito comum um árabe ser chamado de Turco e o motivo pelo qual essa pequena confusão acontece é histórica. Explico!

O termo árabe se refere a uma etnia (etnia de origem semita) que é composta de várias nacionalidades do Oriente Médio e da África Setentrional. Desde a criação da Liga Árabe, em 1945, vinte e duas nacionalidades diferentes fazem parte da liga que dentre os vários objetivos, busca lutar contra as colonizações.

Sendo assim, Líbano, Síria, Egito, Marrocos, Arábia Saudita, Sudão e Iêmen são exemplos de países que compõem a Liga Árabe.

E por que os árabes são chamados de turcos? No início do Século XX eles chegavam na América do Sul e especificamente no Brasil, com passaporte turco, por conta do Império Turco Otomano, que deixou de existir em 1923. Esta é a verdadeira razão para a confusão.

Não há que se confundir a etnia árabe com a religião. Em sua grande maioria, os árabes são muçulmanos, mas há árabes cristãos e judeus, logo, nem todo muçulmano é árabe.

De acordo com a Liga dos Países Árabes, é árabe quem: nasceu em um país árabe, fala árabe e adota a cultura árabe. Portanto, Turco é quem nasce na Turquia e não é árabe, pois não pertence a etnia árabe.

Após essa pequena introdução e distinção, vamos falar do Líbano, esse pequeno país que faz fronteira com a Síria e com Israel e seu litoral de 225 km é banhado pelo Mar Mediterrâneo e é o único país árabe que não possuí deserto.

 

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A palavra Líbano significa branco, em razão da neve que cobre as montanhas. A capital do Líbano é Beirute e o idioma oficial é o árabe, mas o francês e o inglês são habitualmente falados. Os libaneses em sua maioria, são trilíngues.

Sua incrível paisagem surpreende com magníficas montanhas, belos vales, seus rios e cascatas, florestas de pinhos e cedros, extensos pomares e vinhas. Um lugar de muita história, pois por lá passaram diversas civilizações que os influenciaram, até os dias de hoje.

O Líbano passou por onze distintas civilizações, no ano 3.000 A.C. era habitado por semitas e cananeus. Os gregos os chamavam de FENÍCIOS porque vendiam uma tinta extraída de um molusco na cor púrpura (phoenikies).

A gastronomia libanesa é uma das mais ricas do mundo, caracterizada pela fartura e diversidade dos pratos com decoração peculiar. As refeições normalmente são acompanhadas pelo Arak, uma aguardente composta de uvas e anis.

A culinária libanesa é conhecida e apreciada mundialmente e necessita de uma extrema habilidade manual do cozinheiro, pois é preciso muitas vezes cavar, amassar, furar, modelar, esmagar, moer, misturar e forrar.

O anfitrião libanês tem prazer em agradar e homenagear seu convidado oferecendo verdadeiros banquetes. Em contrapartida, o convidado deve fartar-se além do normal como demonstração de satisfação e alegria pela generosidade e hospitalidade do anfitrião.

 

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A grande estrela da culinária libanesa são os chamados “mezzes” que surgiu na cidade libanesa de Zahle, onde seus moradores tinham o hábito de reunir para degustar pequenas e variadas porções. Com o tempo, essa tradição se espalhou por todo Mediterrâneo.

O Mezze tradicional é composto por saladas como tabule e fatouche, seguidos de arroz, frutos secos, carnes e legumes, terminando com frutas frescas, doces em caldas perfumadas e o tradicional café árabe (que não é coado).

 

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Os doces árabes são uma iguaria a parte, com nozes, amêndoas, pistache, frutas secas, mel e tudo aromatizado com água de rosas ou água de flor de laranjeira.
Alguns ingredientes são tipicamente árabes, como:

Sumac, uma especiaria do Oriente médio, de cor vermelho intenso, que substitui a acidez do limão, levemente cítrico e lembra a mistura de páprica com limão, de cor vermelho tijolo, de gosto picante e ácido, como o limão.

– Snaubar ou pinhõezinhos, o pinheiro no Líbano é conhecido como “herança” que passa de pai para filho. É uma planta resistente, colhida no inverno e guardada em cestas até o verão, quando são soltas e secas ao sol. Esse ingrediente está presente na maioria dos pratos libaneses.

 

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Za’atar ou zaatar, é uma mistura de temperos muito popular na Siria, Jordânia, Líbano, Palestina e Israel. É feita com tomilho, sumac, gergelim torrado, orégano, sal, cominho e manjerona, formando uma mistura aromática e levemente picante, consumida nos queijos, iogurte e pão, podendo ser misturado no azeite e até mesmo na massa do pão.

Tahine, é um creme ou pasta feito de sementes de gergelim (sésamo), geralmente misturado com alho esmagado e suco de limão, sendo a base do famoso homus bi tahine (pasta de grão de bico).

Sem sombra de dúvidas é uma gastronomia ancestral, tradicional, cheia de histórias, sendo saudável e com  encantos que merecem ser conhecidos e degustados.

Elizabel Mourad
Contato 21 999715173

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