Abençoando Sonhos

PARTE 1

Abencoando Sonhos

Que o Cerimonial é responsável por toda parte de bastidores para organização de um evento, todo mundo já sabe.

O papel do Cerimonial é realmente fazer tudo por trás das câmeras para que no dia aconteça o que foi programado e contratado.

Só que um bom Cerimonial vai além do contratado, ele tem um “feeling”, uma sensibilidade para saber que pode ser mais atuante em determinadas histórias, e a de hoje fala sobre isso.

Tinha uma família que era minha cliente, fiz o casamento de uma filha e depois de um tempo, o filho ficou noivo, entrou em contato comigo e disse:

– Mari, tenho uma novidade: vou casar!
– Ai, que ótimo! Eu disse.
– Então, tô ligando porque quero que você organize tudo.
Falei: – Tudo bem!
E ele: – Só que tem um detalhe! Preciso de tudo em três meses. Você consegue?
– Consigo. Falei.
– Porque a noiva tá grávida. Disse ele. Pra gente não é nenhum problema, não é para esconder a barriga, nada disso, estamos muito felizes, já moramos juntos, mas ela é muito animada, somos muito animados, queremos curtir a festa com direito a tudo. Então, queremos que ela ainda esteja sem barriga grande. Por isso a pressa da fazer tudo em três meses.
Falei: – Ok, sem problema. Já pensaram na lista e todos aqueles elementos que a gente faz para criar o projeto e fazer a festa?
Ele falou: – Inclusive, a gente já escolheu o local. Vai ser uma festa grande com cerimônia no local.
A partir daí, fizemos reuniões e fomos definindo todo o processo. No meio do caminho, tive contato com a mãe do noivo e em uma conversa ela vai e diz assim:
– Eu queria tanto que meu filho casasse na igreja! Era meu sonho entrar com ele na igreja!
E eu falei assim: – Ah! Mas o casamento vai ser no local.
Ela falou assim: – Então, porque a noiva escolheu ser no local?
Eu falei: – Mas ela escolheu porque faz questão que seja no local ou por algum motivo específico?
– A senhora já comentou com ela desse seu desejo?
– Não. Fico com medo de causar algum desconforto porque acho que ela é de outra religião, mas a minha família é muito católica. Sou muito católica. Meu sonho era entrar com meu filho.
Eu falei: – Olha, se a senhora autorizar, posso conversar com a noiva.
– Eu adoraria. Você pode fazer isso por mim?
Falei: – Claro, posso!
Em contato com a noiva, ela disse: – Não tenho problema nenhum de casar na igreja. Como estamos fazendo com menor tempo possível, achei que seria prático fazer a cerimônia no local, pois a casa de festas oferece um espaço para isso. Seria algo mais fácil para todo mundo, mas eu não sabia desse desejo da mãe dele e por mim, se você organizar tudo, ok.
Então falei: – Ela inclusive disse que se você desse ok, essa parte toda da igreja, os custos, até escolha de tudo poderia ficar com ela, mas do jeito que você quiser, daria de presente.
A noiva então falou: – Então tá ótimo! Olha, você já conhece o meu gosto, já conhece meu estilo, pode providenciar tudo e diga que caso na igreja se você achar a data.
– Perfeito combinado. Eu disse.

A energia de abençoar esse sonho foi tão legal que simplesmente eu consegui a data escolhida para o casamento em uma das igrejas mais concorridas de Niterói, e que era a igreja de preferência da mãe do noivo que inclusive morava ali do lado, que era a Porciúncula.

Então, assim eu consegui a data, o horário, tudo do jeito que seria perfeito para acontecer e foi muito especial isso, porque você tem a sensibilidade e participa com algo a mais do que aquele protocolo do que está no contrato.

Dá prazer ver a felicidade daquelas pessoas. Em uma situação em que a mãe poderia ter achado que foi bom, mas não tão bom e por uma falta de comunicação, uma falta de sensibilidade do cerimonial que teve acesso àquela situação e que poderia ter falado:

– Ah! Isso não faz parte do meu trabalho. Faz parte sim. Eu entendo que o que a gente faz é muito mais do que a produção de um evento pelas questões de itens de protocolo, que diz faça isso, faça aquilo. Não, a gente tá ali lidando com os sonhos das pessoas.

Então, esse episódio “Abençoando Sonhos” ficou marcado. Ver a felicidade daquelas famílias, onde cada um fez aquilo que gostava, sentindo-se pleno naquele dia tão especial para todo mundo.

PARTE 2


Essa é uma história que tem a parte 2 e que vale a pena escutar o que aconteceu.

Ainda no processo de preparação do evento a gente tomou conhecimento que o pai do noivo não estaria presente porque havia falecido. O noivo era o filho mais novo da família e muito agarrado com o pai. Ele tinha uma referência de interior, de fazenda e viriam vários convidados do interior. Naquela época era muito comum usar brindes de pistas, aquela coisa de fazer aquele elemento de atração de pista. Sempre gostei de fazer isso de uma forma que tivesse uma comunicação direta com cada casal.

Então, pensei: – Poxa! Vamos fazer dali um momento especial e conversando com a família, entendendo que tinha essa referência de fazenda (ainda por cima, acho que na época tinha a referência da novela “O Rei do Gado”), falei: – Poxa! A gente podia fazer isso de uma forma mais especial e trazer essa referência do pai que não estaria fisicamente presente, mas em pensamento e energia ali, com aquelas pessoas, com a família. Cheguei para mãe e falei: – Olha, tive uma ideia. Preciso da sua ajuda. Você conseguiria o Berrante da fazenda? Aí ela falou: – Consigo, mando trazer o berrante, mas o que você pensou?

Aí eu descrevi para ela a situação e ela concordou. Isso foi uma surpresa para os noivos.

Você que está lendo, feche os olhos e imagine a pista “bombando”, mais de 400 convidados na festa e a gente faz essa entrada das recepcionistas vestidas de “Call Girls” com chapéus de cowboy para serem distribuídos na pista de dança e pegando todo mundo de surpresa, inclusive e principalmente, o noivo, que sabia tocar berrante.

E aí foi uma festa, uma surpresa, uma emoção, que até mesmo eu contando, até hoje me emociona. Foi muito legal porque a pista foi à loucura, ao delírio com aquele chapéu de cowboy, músicas sertanejas tocando e todo mundo se embalando numa energia que foi muito emocionante.

Acho que esse é o papel do Cerimonial que trabalha com amor, com afeto pelo que faz.

É ter histórias para contar onde a gente mesmo 15 anos depois se emociona ao lembrar.

Gostou? Se emocionou também? Me conta nos comentários.

Mariana Gaspar – Cerimonialista e Produtora de Eventos
@marianagasparcerimonial
(21) 96011-8066

Clique abaixo e escute a reprodução em audio do Casamento por Mariana Gaspar

 

 

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